*Publicado el 3 de mayo de 2012 en el Portal de UNILA
Militantes de empreendimentos solidários, engenheiros, professores e sociólogos são algumas das trajetórias profissionais e pessoais dos estudantes que cursam a especialização em Tecnologias Sociais na UNILA.
Ainda um conceito em construção, tecnologias sociais são compreendidas pela RTS (Rede de Tecnologias Sociais) como “produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis desenvolvidas em interação com a comunidade, e que representam efetivas soluções de transformação social”.
É com base na crença nesta proposta que foi criado o curso – iniciado em março e com término em junho -, para capacitar profissionais no planejamento e desenvolvimento de tecnologias sociais. A ideia é que os alunos possam levar conhecimentos debatidos em aula para seu contexto de atuação. E que, pelas trajetórias dos estudantes, apresenta riqueza de experiências e uma multiculturalidade. Os discentes são oriundos dos países Argentina, Uruguai, Chile, México, Bolívia, Colômbia e Brasil. (Continúa>>)
Força Solidária
Do Maranhão, a aluna Juscilene Barbosa traçou seu caminho como militante, trabalhadora e na capacitação de formadores da Economia Solidária. “Este tipo de economia, como prática, não é nova. É um conceito em construção, que envolve produções comunitárias e nos faz compreender que existe um novo jeito de produzir, consumir e comercializar, que rompe com a lógica capitalista. Isto porque, na Economia Solidária, os trabalhadores são proprietários dos meios de produção e têm domínio do processo produtivo como um todo”, diz.
Ela relata que, que dentro dos movimentos em que atua – como cooperativa de trabalhadores - um dos problemas está na organização produtiva, que ainda é dependente do mercado capitalista. “É uma luta contra o poder hegemônico, na qual a tecnologia é um fator importante na organização deste processo. E o curso contribui para perceber que a Economia Solidária precisa de uma outra tecnologia como a social e um empoderamento dela por parte dos envolvidos”, diz.
Restauração de bacias no México
O uso da tecnologia para beneficiar a comunidade é um dos eixos do trabalho da engenheira de irrigação Ana Bertha Ponce, estudante que veio do México. Ela atua na área de restauração hidrológica ambiental de bacias, no sul do país. “As ações são realizadas na parte alta e média das bacias, trabalhando com problemas de erosão, depredação do solo, manejo florestal e geração de alternativas de organização e subsistência para a população dessa região”, explica.
A estudante realiza este tipo de trabalho através da Universidade Autônoma Chapingo (Texcoco), que realiza convênio com a Comissão Nacional (Mexicana) de Águas. “O curso trouxe algumas ideias, uma delas é a necessidade de trabalhar melhor o vínculo entre a universidade e o governo, além de gerar pesquisa e tecnologia que possam ser aplicadas, porque em muitos casos isso não acontece”, relata.
Permacultura no Chile
Engenheiro de formação e coordenador de uma rede de economia solidária que trabalha com permacultura, o estudante chileno Carlos Odgers atua diretamente com uso de tecnologias voltadas para transformações sociais. “A permacultura traz nos seus princípios éticos o cuidado com as pessoas e a natureza, além da repartição justa dos recursos”, explica. E tem como preocupação a saúde, o bem estar, a educação, a cultura, o manejo da terra, o auto-governo e a geração de renda.
Atualmente, o aluno está envolvido na Cooperativa Manzana Verde, que atua com permacultura urbana. “Trabalhamos com comunidades vulneráveis, com iniciativas de autogestão e oficinas de aprendizagem. Realizamos ações como recuperação de espaços públicos, com retirada do lixo, plantação de árvores nativas e hortas comunitárias, desenvolvimento de ecotecnologia para construção de casas, reciclagem e reutilização de materiais para fazermos jogos infantis”, relata Carlos Odgers.
Formação de redes
Ao longo do curso, do encontro com o colega argentino Federico Apablaza, Carlos conta ainda que surgiu a ideia formar uma rede para troca de informações e experiências sobre tecnologia sociais entre Chile e Argentina. Já intitularam de Tras Andina.
Também surgiu a ideia de outra construção coletiva – trata-se da Rede Latino-Americana de Tecnologia Social. “Seria um espaço para gerar uma dinâmica de discussão, reflexão e compartilhamento de experiência entre os participantes”, explica o sociólogo e aluno da especialização Federico Apablaza, que trabalha na área de economia social e desenvolvimento local na região de Neuquén, Patagônia (Argentina).
A partir das discussões com outros colegas, ele relata ainda outra ação – desta vez já concretizada – que foi a de participar do 1º Encontro Regional de Economia Solidária, realizada em abril, na cidade de Cascavel. Federico e outros estudantes do curso apresentaram o debate sobre a relação entre tecnologia social e economia solidária. E ainda falaram do projeto de trabalho de conclusão do curso que estão desenvolvendo dentro da especialização. “Também realizamos uma proposta para que a lei nacional (brasileira) contemple a tecnologia social”, conta.
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