Grupo do IG realiza fórum para divulgar a tecnologia social no meio acadêmico
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Antonio ScarpinettiEdição das imagens:
Luís Paulo Silva
[23/9/2010] Tecnologia social é o conhecimento desenvolvido para viabilizar arranjos produtivos, denominados empreendimentos solidários, que estão sendo organizados para absorver a metade dos trabalhadores latino-americanos que hoje sobrevivem na economia informal. Esses arranjos terão que satisfazer as demandas materiais dos que vêm se incorporando à economia solidária em busca de oportunidades de trabalho e renda. E, também, proporcionar à sociedade os bens e serviços de uso coletivo ou “cidadão”, que não precisam nem devem “passar pelo mercado”, uma vez que eles são alvo do poder de compra do Estado.
A definição acima está na orelha do livro “Tecnologia social: ferramenta para construir outra sociedade”, organizado por Renato Dagnino, professor do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp e coordenador do Grupo de Análise de Políticas de Inovação (Gapi). Este grupo de pesquisa foi formado em 1999, dentro do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT), e vem difundindo este novo conceito no meio acadêmico. O livro foi distribuído aos presentes no primeiro fórum realizado com o mesmo título, nesta quinta-feira (23), no auditório do Instituto de Economia.
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O docente do IG observa que a tecnociência é uma das causadoras da exclusão social nos dias atuais, dentro de um processo em que a economia cresce e o emprego diminui. “A economia cresce gerando desemprego porque a tecnologia das empresas é cada vez mais uma tecnologia que substitui mão-de-obra. Hoje, 70% da pesquisa mundial ocorrem nas empresas – e 50% nas multinacionais. O impacto dessa tecnociência capitalista é enorme, tanto em termos ambientais como sociais, particularmente no Brasil, que tem 50% da sua população economicamente ativa na informalidade, fora das empresas”.
É esta metade dos brasileiros, na opinião de Dagnino, que necessita de outra tecnologia – o conhecimento utilizado nas políticas públicas que visam ao desenvolvimento social. “O fórum está relacionado à necessidade de divulgar no meio acadêmico esta nova visão que propomos. Até agora, a inclusão social foi vista simplesmente como uma resultante do crescimento econômico, e por isso ela é tão grande em nosso país. A inclusão que tanto queremos só vai ser lograda a partir de políticas específicas para isso. Nos últimos dez anos, 30 milhões de brasileiros deixaram de passar fome, o que é muito importante. Mas também é preciso ensinar a pescar – e isso é com a universidade”.
Cunho político – O doutorando Rogério Bezerra da Silva, membro do Gapi e um dos organizadores do 1º Fórum de Tecnologia Social, atentou para o aspecto de que o evento, além de acadêmico, também possui cunho político (não no sentido partidário). “Estamos discutindo a ciência e a tecnologia não apenas para criar um marco analítico conceitual, mas para fazer com que elas contribuam efetivamente para o desenvolvimento social por meio de políticas públicas. O arranjo do fórum visa dar essa contribuição, convidando pesquisadores que atuam ao mesmo tempo no meio acadêmico e no meio político”.
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